É um tipo de sensibilidade estudada pela fisiologia sensorial, portanto é uma sensação originada por um ou vários estímulos. Houve controvérsias a respeito da dor: Epícuro (342-270 a.C.) dizia que não havia envolvimento do SNC; Descartes (1644) propôs uma teoria de que lesões provocavam estímulos e estes por sua vez eram enviados para o cérebro a partir da medula espinhal; Muller (1842) afirmou que o cérebro somente recebia a sensação dolorosa vinda dos nervos; Edinger (1889) foi o primeiro a relatar a via espinoalâmica da dor; Enfim, Sherrington descreveu a dor como coadjuvante fisiológico de um reflexo protetor fundamental. Todavia, a dor é uma sensação diferenciada que denuncia a alteração de algo no sistema onde foi ocasionada ou próximo deste sistema. É uma sensação extremamente complexa e possui redes de neurônios que formam as vias sensoriais da dor ou vias nociceptoras. Estas vias são capazes de reorganizarem-se em estados de dor prolongada acompanhada de lesão tissular. Em fisiologia médica a dor pode ser classificada em 3 estados: dor fisiológica ou aguda; dor patológica: inflamatória e neuropática. Os órgãos sensoriais para a dor são terminações nervosas livres encontradas em quase todos os tecidos do corpo. Os impulsos dolorosos são transmitidos até o SNC por dois sistemas de fibras nervosas: fibras Aδ mielinizadas com 12 a 20 m/s de velocidade de condução do impulso doloroso e fibras C não mielinizadas com 0,5 a 2 m/s de velocidade de condução. Algumas das fibras ascendentes projetam-se para núcleos posteriores ventrais que são os núcleos de retransmissão sensorial específicos do tálamo. Depois dirigem-se para o córtex cerebral. Análises feiras com PET e RM mostraram que a dor pode ativar três áreas corticais: SI, SII e o giro do cíngulo oposto ao lado de origem da dor. Experimentalmente, em animais e depois verificado em humanos, descreveu-se que lesões no córtex insular provocam analgesia, muito semelhante aos efeitos provocados por aumento do GABA nestas mesmas regiões. Recentemente houve a descoberta de uma proteína receptora1 vanilóide (VR1). Esta proteína faz a mediação das vanilinas, um grupo de compostos que provocam dor. A capsaicina é uma tipo de vanilina. Na verdade, independente da proteína, quando um neurônio do tipo Aδ ou do tipo C são estimulados, sua função é “gerar dor”. Como causas da dor, pode-se descrever entre as dores agudas: cirurgia, fratura, lesão ligamentar, bursite, tendinite, distensão ou ruptura muscular, hérnia de disco, lesão articular, acidente automobiliístico, ferimento por arma de fogo, trauma medular, craniano, torácico e abdominal, pulpite, periodontite, otite, amigdalite, sinusite, faringite, laringite, queimadura, infarto agudo do miocárdio, esofagite, pelurite, colecistite, gastrite, pancreatite, cólica nefrética, infecção urinária, doença inflamatória pélvica e abscesso. Além da dor aguda, pode ocorrer dor crônica e entre esta classe estão as síndromes dolorosas. Lombalgia e lombociatalgia são causas comuns elimitantes do trabalho e estão diretamente relacionadas com hérnia discal, estenose espinhal, síndrome miofascial, doença reumatológica, e tumor. Entre as dores lombálgicas os principais achados são radiculopatias cervicais. Dentre as lombalgias e lombociatalgias a região cervical é uma região muito propensa às lesões e geram muita dor. Veja em cada seguimento cervical, tipos e estruturas que são comprometidas e geram dor. Regiões: C1 está relacionada a dor nas regiões posterior do couro cabeludo e retro-orbitária e frontal; alteração dos músculos para a flexão, rotação de cabeça e extensão; C2 relaciona-se com mandíbula, orelha, flexão muscular, extensão e rotação da cabeça e para a rotação da escápula; C3 está relacionada com a dor e alteração sensorial no pescoço e no processo mastóide; C4 além da região do pescoço, a região ântero torácica e músculo elevador da escápula; C5 com dor no pescoço, ombro e bordas medial da escápula lateral do braço e dorsal do antebraço; C6 do pescoço e ombro, o músculo deltóide pode ter comprometimento de sua força; C7 dorso do antebraço, atonia do tríceps e C8 atonia dos músculos intrínsecos da mão, além de braço, antebraço e pescoço. A dor inflamatória, como apresentada anteriormente, possui como mediadores várias substâncias que atuam diminuindo o limiar de dor, como por exemplo as prostaglandinas, bradicinina, entre outras. Geralmente a terapêutica utilizada atua de forma inibitória direta ou indiretamente nestas substâncias alvo. Quanto maior a concentração do mediador, menor é o limiar e maior será a dor. Essa farmacoterapia atua, aumentando o limiar da dor, contudo, reduzindo-a ou eliminando-a e também por agir na supressão da síntese dos mediadores bioquímicos que "conduzem a dor".