domingo, 2 de julho de 2017

NECROSE DE CABEÇA DE FÊMUR - FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA.

INTRODUÇÃO

Necrose de Cabeça de Fêmur, Osteonecrose de Cabeça Femoral (OCF), Necrose Isquêmica da Cabeça do Fêmur, Necrose Avascular de Cabeça Femoral ou, por fim, Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur (NACF), constitui-se em uma etiologia que pode ser considerada como o resultado final de uma combinação de fatores mecânicos e biológicos que levaria a circulação intra-óssea da cabeça femoral a um quadro isquêmico, seda decorrente de fenômenos trombembólicos ou pela estase venosa por diminuição do fluxo sanguíneo. 


ETIOLOGIA

De ordem multifatorial, a OCF possui etiologia intrigante e ainda, sob diversos fatores, permanece obscura sua origem. Parece haver indícios de ligação com metabolismo lipídico, no entanto, sabe-se, de modo geral, que dois fatores - álcool e cortisona - são associados responsáveis pela grande maioria dos casos extra-traumáticos, além das discrasias sanguíneas. Há estudos que afirmam que 90% dos casos estão fortemente associados ao álcool e uso de corticóides.


FISIOPATOLOGIA

A fisiopatologia desta entidade é marcada, inicialmente, por uma lesão isquêmica primária provocada pela interrupção do fluxo sanguíneo a nível arterial, capilar, sinusal ou venoso. Após 6 horas da agressão vascular é possível que haja,  já evidenciada histologicamente, considerável morte celular.  Após as várias tentativas reacionais de reparo tecidual da lesão, ocorre edema local por considerável região óssea desprovida de irrigação. Este edema pode permanecer estável por algum período, até que estresses biomecânicos transferidos às trabéculas subcondrais culminem em microfraturas irreparáveis, com progressivo enfraquecimento do osso subcondral. O osso entra no estado progressivo de colapso, dado que a área necrosada sobrepõe-se à remodelação óssea, precedendo o achatamento da cabeça. Por fim, após este processo, a cartilagem fica exposta aos mecanismos anormais de pressão que levam a um processo degenerativo progressivo.


TRATAMENTO

O tratamento é, inicialmente, o afastamento dos fatores de risco, e, ao longo do processo progressivo da patologia, a cirurgia de descompressão e/ou, nos casos mais graves, de artroplastia de quadril, que oferece a melhor forma de proporcionar qualidade de vida ao paciente. 


Referências

Dani & Azevedo - Necrose avascular de cabeça femoral, Moreira Jr editora, 11-16 - http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3260






 
Professor Dr. Dermeval Reis Junior
            Fisiopatologista 
 e-mail - drdermeval@gmail.com 

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

ASPECTOS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO DA FEBRE AMARELA

Introdução e Clínica da FA
A Febre Amarela (FA), também conhecida como febre hemorrágica de alta letalidade, é uma febre hemorrágica causada por vírus e transmitida por mosquitos. Como o vírus da Dengue, o vírus da FA também é um parente próximo do vírus da hepatite C por ser um flavivírus (Flaviviridae), e como outras doenças (Zika, Chikungunya, Dengue) passível de ser transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o responsável pela 'pulverização' urbana destas doenças, incluindo a FA. Nos EUA, onde os índices de ocorrência da FA é muito baixo, considera-se que, em não havendo nenhuma exposição de pessoas nas regiões onde a doença acontece, a via de ocorrência da doença, possivelmente, possa ser por bioterrorismo.

Entre as manifestações clínicas da FA, cujos limites compreendem, desde eventos assintomáticos até choque e falência múltipla de órgãos e óbito, podem ocorrer febre, cefaléia, mal-estar, tonturas, mialgia, náuseas, vômitos, dor nas costas e prostração; rubor, infecção conjuntiva e edema periorbital. A febre, depois de 4 dias é seguida por altos índices de viremia, potencializando com isto, a infecção dos mosquitos e, por conseguinte, os índices de transmissão da doença. 
Aproximadamente, 15-25% dos infectados evoluem, após uma primeira fase assintomática seguida de leves sintomas de virose e sensação de cura,  com insuficiência hepato-renal profunda, icterícia e diátese hemorrágica. Ocorre óbito de 20 - 50% dos casos. Nos casos de sobrevivência, a fase de convalescença é longa e acompanhada de cansaço e fadiga. 

“O caso é preocupante e grave. A febre não tem tratamento”, destaca o diretor do Centro Municipal de Saúde Oswaldo Cruz e professor de saúde pública, Paulo Machado.
A bióloga da Fiocruz Márcia Chame relacionou o aumento de casos suspeitos da doença em Minas com a tragédia de Mariana, em 2015. A hipótese dela tem como ponto de partida a localização das cidades mineiras que identificaram inicialmente os casos de pacientes com sintomas da doença. Grande parte dos municípios está na região próxima do Rio Doce, afetado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015.


Etiologia
 
Embora apenas um sorotipo do vírus amarílico seja reconhecido, há pequenas alterações genéticas entre as cepas da América e da África que permitem atualmente caracterizar dois e cinco genótipos, respectivamente, não se sabendo se um é mais patogênico que o outro.
O vírus da febre amarela possui o genoma constituído de RNA de fita simples não segmentado, polaridade positiva, com cerca de 11 kilobases de comprimento. O genoma completo possui 10.862 nucleotídeos que codificam 3.411 aminoácidos. Esse genoma possui uma única região codificante (ORF) com cerca de 10.233 nucleotídeos que vão codificar a formação das inúmeras proteínas virais e que é flanqueada por duas regiões não codificantes (NCR) de tamanho variável, sendo uma grande a 3'NCR com cerca de 511 nucleotídeos e uma pequena 5'NCR que possui 118 nucleotídeos. As regiões não codificantes, como indicativo, não codificam a formação de proteínas virais, mas são importantes para a regulação e expressão do vírus.

O vírion ou nucleocapsideo mede cerca de 25-40nm de diâmetro e é envolvido pelo envoltório bilaminar de natureza lipoproteica conhecido como envelope e que é originário da célula hospedeira. A partícula íntegra (vírion mais envelope) mede cerca de 40-50nm. A região ORF do RNA viral expressa a síntese de três proteínas estruturais (prM, E e C) e sete não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5) cujas propriedades físico químicas e funções biológicas encontram-se resumidas na tabela abaixo.
(Fonte: Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.36 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2003)


 Fonte da imagem: Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.36 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2003


DIAGNÓSTICO

Exames específicos: o diagnóstico definitivo da febre amarela pode ser feito utilizando-se métodos virológicos (isolamento do vírus em cultura de tecidos), identificação de antígenos virais e do RNA viral e métodos sorológicos - dosagem de anticorpos específicos pelo método de IgM-ELISA que captura anticorpos IgM em ensaio enzimático ou conversão sorológica em testes de inibição da hemaglutinação. Faz-se o isolamento do vírus em diferentes sistemas: camundongos recém nascidos ou cultivo celular (células VERO, clone C6/36). Após a inoculação da amostra suspeita, obtém-se evidências da replicação viral em torno do 5° ao 7° dias de cultura. Ao isolar-se a amostra identifica-se o vírus em testes de imunofluorescência indireta usando-se anticorpos monoclonais ou alternativamente mediante testes de fixação do complemento. 

Os métodos sorológicos que identificam IgM específica, como é o caso do IgM-ELISA, podem fornecer o diagnóstico presuntivo rápido em uma amostra sorológica, se a mesma for obtida a partir do 5° dia de doença. A presença de IgM decorre de infecção recente (2-3 meses) ou corrente (atual), daí porque cumpre-se obter a história clínica completa para a boa interpretação do resultado laboratorial. Vale lembrar que a vacinação anti-amarílica também induz a formação de IgM e, por isso, importa conhecer os antecedentes vacinais do caso suspeito. Quando o paciente sobrevive, comparam-se os resultados sorológicos das amostras aguda e convalescente. Títulos de anticorpos aumentados 4 vezes ou mais na amostra convalescente em comparação aos títulos da amostra da fase aguda, depõem a favor de infecção recente pelo vírus amarílico.

Nos casos fatais em que não se dispõe de sangue para sorologia e a pesquisa de vírus resultou negativa ou prejudicada deve-se procurar antígenos específicos pela técnica de imunohistoquímica em tecidos hepáticos ou evidenciar o genoma viral por RT-PCR do sangue (células e soro) e fígado.
(Fonte: Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.36 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2003)


 Fonte da imagem: Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.36 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2003




Raramente outros tecidos se mostram positivos. A identificação do genoma viral, quando utilizada com critério, representa opção esclarecedora nos casos indefinidos por má conservação dos espécimens ou nos casos em que os resultados sorológicos permaneceram inconclusivos.
 
O combate à doença, em princípio, requer as mesmas medidas para as arboviroses, adotando políticas de saúde pública, como vacinação (anti-amarílica mediante aplicação da vacina 17D) e controle de vetores, e políticas públicas pautadas na incessante conscientização da população em eliminar radicalmente os focos de criadouros dos mosquitos.


Referências

WASSERMAN S, Tambyah PA, Lim PL. Yellow fever cases in Asia: primed for an epidemic. Int J Infect Dis. 2016 Jul;48:98-103.

Gelani, F. Jornal do Brasil - http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/01/29/especialista-alerta-para-risco-de-reurbanizacao-da-febre-amarela/?from_rss=pais 

VASCONCELOS, PFC. Febre amarela. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.36 no.2 Uberaba Mar./Apr. 2003

segunda-feira, 11 de julho de 2016

SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (ou do CÓLON IRRITÁVEL) - UMA RÁPIDA ABORDAGEM.

Introdução
Os alimentos têm sido foco de preocupações nos últimos anos, principalmente quanto aos transtornos gástricos e intestinais que estes provocam. O que está "na moda" atualmente, é o que chamamos de Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Trata-se de desconfortos que ocorrem no abdômen e intestinos e que tem, seriamente, comprometido a qualidade de vida dos indivíduos, inclusive sob aspecto social. 

Clínica/Epidemiologia

Representada por dores abdominais itinerantes, sem lesões orgânicas, com alteração do comportamento intestinal, a SII pode ser conceituada como um grupo de alterações funcionais acompanhadas de desconforto ou dor abdominal, associadas a alterações na evacuação e no aspecto das fezes.
Fazem parte dos sintomas e queixas dos pacientes, dor itinerante no abdome, borborigmos e distensão abdominal, com ou sem flatulência e com alteração na composição das fezes, com ou sem diarréia, e com ou sem constipação. 

A SII tem prevalência da ordem de 10 a 20%, e está presente entre 20 a 50% dos pacientes, como maior frequência em mulheres.
Em dois Congressos Mundiais de Gastroenterologia (1989 e 1998), ficaram estabelecidos dois critérios para classificação da SII, quanto às ocorrências de diarréias. Assim, a SII permaneceu reconhecida nas modalidade de diarréia predominante e constipação predominante.

Etiopatogenia e Fisiopatologia

Por se tratar de uma síndrome, diversas etiologias estão em jogo. Ocorre alteração motora no intestino delgado e nos cólons, com espasticidades, distensões gasosas, diarreia ou constipação consequentes à essa dismotilidade. Na maioria dos casos, alteram-se diarréias e constipações. A mucosa irritada produz mais muco, que pode ser eliminado e visto nas fezes. A etiologia é diversa, o que é importante ser compreendido pelo clínico. Não se pode, portanto, considerar todas elas como dependentes de uma única etiologia, de modo a generalizar uma única causa.

Estão entre as etiologias da SII: 
  • erro alimentar;
  • hipolactasia; 
  • deficiências imunológicas; 
  • sensibilidade visceral aumentada, secundária ou não a quadros depressivos.
  Doenças orgânicas (tumores, câncer, infecções, parasitoses) podem, em determinadas fases de suas ocorrências, aparentar SII. Portanto, ao ser constatada a inexistência destas doenças, confere-se, então à SII, a característica de doença funcional. 

Diagnóstico

Após o diagnóstico clínico, que poderá ter cunho genérico, é preciso que se objetive alcançar o diagnóstico individual. Não se deve optar pela causa "nervosa" como àquela causadora de tudo. A exclusão da causa orgânica é fundamental, seja por exames laboratoriais ou de imagem. Deve-se, inexoravelmente, fazer exame de fezes (parasitológico e cultura); também, atenta-se para identificar intolerância à lactose, além de exclusão de doença celíaca por pesquisa da presença de anticorpo antiendomísio ou antigliadina, no sangue e quantificações de imunoglobulinas séricas (IgA, IgG, IgM). 

Não excludente do procedimento diagnóstico, os hábitos alimentares com mais minúcias, cotidianamente devem ser levantados, para, assim, se chegar mais próximo possível do diagnóstico da SII, e, também de seu tratamento.

Hoje há, disponível no mercado, alguns testes imunológicos e genéticos. Porém, versões mais rápidas de testes, que identificam apenas a intolerância alimentar têm sido alvo de algumas clínicas de nutrição e isto é importante, pois implica diretamente na modificação da dieta, reduzindo significativamente os sintomas que podem estar, possivelmente, causando SII. 


Referências 

LAUDANNA AA; SILVA CFB - Síndrome do cólon irritável, in: Lopes AC - Diagnóstico e tratamento vol. 3 - pg.52-55, 2007. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

DIABETES E GENOMA: ESTUDO DE GENÉTICA MOLECULAR AMPLIA OS CONHECIMENTOS SOBRE A DOENÇA

O sistema imunológico humano pode falhar em sua tarefa de identificar órgãos e tecidos do corpo, reconhecendo-os como elementos próprios, e passar a atacá-los, desencadeando o surgimento de doenças autoimunes.
Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) forneceu indicações de como isso ocorre em nível molecular.
Eles identificaram moléculas de microRNAs (miRNAs) capazes de alterar a expressão de determinados genes de defesa de células do sistema imunológico – os linfócitos T –, fazendo com que ataquem inadvertidamente células beta do pâncreas, produtoras de insulina, e causem o surgimento do diabetes mellitus do tipo 1.
Resultado do Projeto Temático “Controle do transcriptoma no diabetes mellitus”, apoiado pela FAPESP e realizado no âmbito do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), financiados pela Fundação –, o estudo foi publicado na revista PLoS One.
“Desvendamos qual a participação específica de moléculas de miRNAs na alteração do controle genético molecular de linfócitos T que faz com que ataquem células beta produtoras de insulina no pâncreas”, disse Geraldo Aleixo da Silva Passos Júnior, professor associado das Faculdades de Odontologia e Medicina da USP de Ribeirão Preto e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.
De acordo com o pesquisador, já se sabia como se dá o ataque dos linfócitos T às células beta do pâncreas, causando a doença autoimune que representa entre 5% e 10% dos casos de diabetes no Brasil, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Após se desenvolverem no timo – uma glândula torácica –, os linfócitos T migram para o baço e, posteriormente, vão para a circulação sanguínea para desempenhar suas funções imunológicas.
Alguns clones de linfócitos T, do tipo CD4+ ou CD8+, contudo, não reconhecem as proteínas pancreáticas como elementos próprios do organismo, infiltram-se no pâncreas e começam a destruir células beta produtoras de insulina.
Essa reação autoimune é conhecida como insulite e acaba provocando o diabetes mellitus do tipo 1.
“Apesar desse processo ser conhecido, ainda não se sabia quais os elementos envolvidos na alteração do controle do genoma funcional desses linfócitos T que atacam as células beta produtoras de insulina”, explicou Passos.
A fim de tentar identificá-los, os pesquisadores acompanharam o desenvolvimento dos linfócitos T desde sua maturação no interior da glândula do timo, passando pelo baço, até atingirem o interior do pâncreas, no momento em que destroem as células produtoras de insulina.
Para isso, eles utilizaram como modelo experimental uma linhagem especial de camundongos NOD – sigla em inglês de Non-obese diabetic, ou diabetes não causada por obesidade, em tradução livre –, que apresenta um quadro de diabetes mellitus do tipo 1 comparável com a doença em humanos.
“Quando esse tipo de camundongo mutante atinge entre cinco e oito meses de idade, os linfócitos T de seu sistema imunológico começam a atacar as células beta produtoras de insulina no pâncreas. Em humanos esse processo também ocorre, mas, como é gradual, pode levar alguns anos e o diabetes do tipo 1 ser diagnosticado na infância ou no início da adolescência”, disse Passos.
Os linfócitos T produzidos pelo sistema imunológico dos camundongos NOD foram isolados em suas diferentes fases de desenvolvimento, iniciando pelo timo, passando pelo baço até chegar ao pâncreas.
Identificação de interação
Por meio de uma técnica de genômica funcional chamada microarrays, os pesquisadores fizeram um estudo completo da expressão gênica – a expressão dos genes – dos linfócitos T dos camundongos em cada uma dessas três fases.
Com base nisso, eles conseguiram identificar RNAs mensageiros (mRNAs) – responsáveis por levar a informação do DNA do núcleo até o citoplasma – e miRNAs – que interagem com os mRNAs no citoplasma das células, impedindo que fabriquem proteínas – dos linfócitos T dos camundongos.
Por meio de uma ferramenta de bioinformática, os pesquisadores fizeram uma análise do conjunto completo dos mRNAs e dos miRNAs e conseguiram identificar quais deles interagem entre si durante a evolução dos linfócitos T.
“Foi a primeira vez que um grupo de pesquisa demonstrou todas as interações entre mRNAs e miRNAs nos linfócitos T desde que surgem no timo, passando pelo baço até chegar ao pâncreas, no contexto do diabetes melittus do tipo 1”, afirmou Passos.
Os resultados das análises apontaram que dois mRNAs que codificam respectivamente duas proteínas dos linfócitos T – o Ccr7 e o Cd247 (CD3 zeta) – têm sua expressão alterada nos linfócitos T que atacam o pâncreas.
Os pesquisadores constataram que essa alteração é resultado da ação de um miRNA (miR-202-3p), e isso pode levar à autoimunidade contra o pâncreas.
“Já havia sido levantada a possibilidade desses dois mRNAs participarem do processo de autoimunidade. Agora, descobrimos como isso ocorre, identificando um miRNA que atua no descontrole molecular dos linfócitos T que atacam as células beta produtoras de insulina”, disse Passos.
Na avaliação do pesquisador, o estudo abre a perspectiva de desenhar oligonucleotídeos – fragmentos de DNA ou de RNA – que poderiam ajudar no controle do diabetes mellitus do tipo 1.
“Identificamos possíveis alvos. Agora, pretendemos realizar um novo estudo para avaliar de que forma poderíamos interferir nesse processo inflamatório, que é a insulite, impedindo a ação do miR-202-3p, e verificar se isso altera o desenvolvimento do diabetes mellitus do tipo 1”, disse Passos.
O artigo “Comprehensive survey of miRNA-mRNA interactions reveals that Ccr7 and Cd247 (CD3 zeta) are posttranscriptionally controlled in pancreas infiltrating T lymphocytes of Non-Obese Diabetic (NOD) mice” (doi: 10.1371/journal.pone.0142688), de Fornari e outros, pode ser lido na revista PloS One em journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0142688. 


Fonte: FAPESP 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

INTOLERÂNCIA ALIMENTAR - DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO

Definições

Intolerância Alimentar (IA) está definida dentro dos conceitos clínicos como uma Reação Adversa a Alimentos (RAA), devido à resposta de hipersensibilidade, não imunomediada, isto é, sem que haja interferência de imunoglobulinas no desencadear do processo. As reações imunomediadas em alimentos, geralmente ocorrem quando há presença de IgE, como o pivô do processo alérgico. A grosso modo, IA é uma resposta anormal do organismo causada pela ingestão de determinado alimento. Especificamente, quando avaliado sob a ótica clinica, a IA é uma reação adversa a alimentos do tipo não toxica e não imunomediada, que pode envolver processos enzimáticos, farmacológicos e processos indefinidos. Estas causas não tóxicas dependem de certa susceptibilidade individual de cada paciente. 12% da população adulta é atingida por RAA. 

Em tese, qualquer alimento pode ser causa de uma RAA, porém, considera-se as diferenças culturais e geográficas da dieta, que, ora, influenciam diretamente a etiologia da IA. Aditivos, como corantes e conservantes, são frequentemente suspeitados quando da hipótese de IA. Hoje há, já, bem definida, a classificação para os tipos de IA: 1) Substâncias com ação farmacológica (tiramina, histamina e alimentos liberadores de histamina); 2) Aditivos alimentares, como tartrazina, metabissulfito, benzoato de sódio, glutamato monossódico.
Há de se mencionar que o intervalo entre a ingestão e o início dos sintomas pode ser longo (horas) e nem sempre os sintomas reproduzem em exposições posteriores, além, claro, de considerar a quantidade ingerida do alimento; por último, a participação de múltiplos alimentos torna-se mais comum, no despertar de uma RAA. 

Clínica

As manifestações clínicas variam, dentro de um amplo espectro sintomatológico. Dependem da fisiopatologia envolvida, de fatores ligados ao indivíduo (atopia, idade, doenças associadas), e do alimento (quantidade ingerida, tipo de preparo ou cozimento). Também, exercício físico e ingestão concomitante de álcool podem contribuir para o aflorar de sintomas de IA. Nos quadros de IA, os sintomas podem ser generalizados e, muitas vezes, indistinguíveis de uma reação alérgica com anafilaxia. Pele, trato gastrointestinal, sistema respiratório, sistema cardiovascular podem estar submetidos às ações das RAA (IA). 

Diagnóstico
Dentro dos quesitos diagnósticos, e aqui me refiro ao diagnóstico da IA, estão, além da consulta clínica, a etapa do teste laboratorial semiquantitativo por método ELISA Macroarray, que identifica anticorpos IgG total para 4 subclasses: 1, 2, 3, 4(hoje denominado no mercado por nome Food Detective - desenvolvido e comercializado pela Cambridge Nutritional Sciences Ltda - Omega Group UK). 
Este teste, disponível no mercado, é capaz de identificar IA para 59 tipos de alimentos e, em menos de 1 hora, pode fornecer informações muito esclarecedoras para o profissional clínico. Com este teste imunológico, o paciente pode receber uma dieta adequada e estar apto a buscar maior qualidade de vida com saúde e bem estar. 

Importante informar que a normativa dos Conselhos Regionais de Nutrição, para usar o Food Detective, proíbe-os de executar os laudos, baseados na lei 12.842 de 10 de julho de 2013, considerando como exercício ilegal da profissão, sendo apenas permitida aos profissionais que dispõe de habilitação na área de diagnóstico laboratorial. Hoje, o Biomédico, como profissional das análises clínicas, é um dos profissionais mais aptos a laudar resultados do Food Detective. 



Dr. Dermeval Reis Junior
Biomédico -  CRBM1 - 8102
Fisiologista - Patologista Clínico


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

MECANISMO BIOQUÍMICO DA SINALIZAÇÃO INTRACELULAR DO PROCESSO DE HIPERTROFIA MIOCÁRDICA DEVIDO AO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO

É muito recente o conhecimento de como os sinais extracelulares são transformados em mensagens intracelulares, na ocorrência do processo de hipertrofia cardíaca induzido pelo treinamento físico aeróbico. 

Utilizando os avanços tecnológicos, está sendo possível elucidar as vias bioquímicas, que  são mediados por receptores, canais iônicos ou por proteínas ancoradas à membrana, como as integrinas. Como já é consagrado, receptores de membrana são ativados por seus respectivos agonistas. Diferente das integrinas, que são proteínas cujas ativações são possíveis devido sua sensibilidade ao estresse mecânico. O crescimento do miócito cardíaco ocorre devido ao acionamento tanto dos receptores quanto das integrinas, e por estes mecanismos, então, desencadeiam-se os sinais bioquímicos intracelulares, alterando no nível do núcleo celular, mais precisamente, no DNA a expressão gênica, e no citoplasma aumentando a velocidade de tradução ribossomal de proteínas, assim como, o mecanismo modulador diminui a degradação proteica. 

Um receptor em específico, talvez parte da via mais bem estabelecida na ocorrência de hipertrofia cardíaca por conta do exercício físico é o receptor de tirosina quinase, estrutura proteica na qual se ligam fatores de crescimento como o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e o fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1). A ligação deste fator ao seu receptor de tirosina quinase na membrana celular tem como efeito, a ativação de outra estrutura, de ordem lipídio quinase, chamada de Iα da PI3K (fosfoinositídeo 3-cinase), cujas formas de expressão gênicas são variadas. Em especial, a forma constitutiva p110α no coração leva à hipertrofia cardíaca exatamente semelhante àquela observada em atletas. 

Outra forma, inativa, de p110α no coração impede  o desenvolvimento da hipertrofia cardíaca quando há estímulo ocasionado pelo exercício físico. O mecanismo funciona quando que, uma vez ativada, a PI3Kα fosforila o fosfatidilinositol 4,5 bisfosfato da membrana plasmática na posição 3’ do anel inositol. Esta fosforilação promove o recrutamento da proteína quinase Akt e seu ativador, proteína quinase-1 dependente de fosfoinositídeo-3 (PDK1) do sarcolema, via interação entre domínios da pleckstrina quinase e do lipídeo 3’-fosforilado. Uma vez recrutada, a proteína PDK1 fosforila a Akt ativando-a.  A Akt é uma serina treonina quinase, existente em três isoformas em cujos três genes existentes, somente dois são super expressos no coração, sendo eles a Akt1 e a Akt2. Camundongos nocautes para Akt1 demonstrou que o treinamento de natação não foi capaz de gerar hipertrofia cardíaca nesse grupo de animais, sugerindo a participação da Akt 1 na hipertrofia cardíaca induzida pelo exercício físico, juntamente com a PI3Kα. 



Referências

Magalhães, FC. Hipertrofia Cardíaca induzida pelo treinamento físico: eventos moleculares e celulares que modificam o fenótipo. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 7, número 1, 2008 


Dr. Dermeval Reis Junior
Biomédico - CRBM1  -  8102
Fisiologia / Patologia Clínica



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

TOMAR SORVETE E TER DOR DE CABEÇA. POR QUÊ ISTO OCORRE???

Já sentiu a cabeça doer quando toma sorvete ou bebe água muito gelada com rapidez? Pois é, isto é um mistério, ainda não desvendado pelos cientistas. Parece que, ainda hipoteticamente, há relação desta dor com o aumento do fluxo sanguíneo. quero, então, diante desta circunstância hipotética, fazer aqui, um apanhado sobre o sistema nervoso ligado à esta sensação, bem como, sobre o fluxo sanguíneo quando há dilatação arterial. 

Em 2012, saiu uma pesquisa de um cientista de Harvard, dando indícios, segundo a divulgação, de que a dilatação arterial, e por consequência o aumento do fluxo de sangue abruptamente no cérebro pode levar à dor, porém, em seguida, a dor desaparece, como um mecanismo de auto defesa. 

Sistema Nervoso
Para que aconteça esta dor, é necessária inervação para conduzir o impulso (neste caso o impulso ou estímulo é o gelo do sorvete/da água); É uma dor desagradável e mal localizada, e geralmente, irradiada. Os receptores da dor e das outras modalidades sensoriais existentes nas vísceras são semelhantes aos receptores cutâneos, mas os da dor estão presentes, quase que maciçamente, porém, com uma distribuição mais esparsa. Neste caso da dor provocada pelo sorvete, a suspeita pode estar voltada para o nervo glossofaríngeo e vago, que possuem aferência. Os impulsos nervosos originados nas vísceras, via visceroceptores,  relacionam-se com uma regulação reflexa da atividade visceral. 

Vasodilatação arterial
Os vasos arteriais são internamente revestidos por uma camada de células, chamadas de endotélio. O endotélio por sua vez, pode ser considerado um órgão endócrino ativo que, em resposta a estímulos humorais, neurais e mecânicos, sintetiza e libera substâncias vasoativas que modulam tônus, calibre vascular e fluxo sanguíneo, desempenhando papel fundamental na regulação da circulação. Essas substâncias vasoativas foram denominadas fatores constritores derivados do endotélio (Óxido Nítrico; Prostaciclina, Monóxido de Carbono), entre outros. Em situações fisiológicas - e neste caso, a dor de cabeça provocada por ingestão de sorvete é fisiológica - o endotélio desempenha papel protetor do vaso. O fluxo sanguíneo pode ser modulado, quando o vaso aumentar ou diminuir seu calibre, e isto, regulado por funções endoteliais. O principal vasodilatador endotelial e fisiológico, é o Óxido Nítrico. 

Dito estes mecanismos, já consagrados pela literatura científica, fica ainda, e apenas, um hiato em como ocorre, no caso do sorvete/água gelada, a dor de cabeça. Certamente, alguma relação entre o sistema nervoso visceral, como um detector sensorial e, também, possivelmente, um ativador da vasodilatação deve haver. Aguardamos a elucidação desta icógnita. 



Dr. Dermeval Reis Junior
Biomédico 
Fisiologista
Patologista Clínico 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

ANEMIA E SUA INFLUÊNCIA NA FUNÇÃO CARDÍACA


Função Cardíaca e Anemia

A conexão entre a função ventricular esquerda e a concentração de hemoglobina e anemia guarda estreita relação com o desenvolvimento e agravamento do quadro cardíaco quando, no coração consta o surgimento de hipertrofia e/ou insuficiência cardíaca. Um débito cardíaco aumentado é um importante fator hemodinâmico, mediado por baixa pós-carga, aumento de pré-carga e efeitos cronotrópico e inotrópico positivo. A vasodilatação e redução da resistência vascular diminuem a pós-carga ventricular, consequênte à baixa viscosidade sanguínea, vasodilatação induzida por hipóxia, resultando em intensa atividade do oxido nítrico. Além destes mecanismos, a vasodilatação abriga o envolvimento de recrutamento de microvasos e, no caso de anemia crônica, estimulação do processo de angiogênese (formação de vasos). Assim, com a diminuição da pós-carga ventricular, ocorre aumento do retorno venoso (pré-carga) e do enchimento ventricular esquerdo, levando ao aumento do volume diastólico final e manutenção do alto volume sistólico e da alta carga de trabalho. O alto trabalho cardíaco é devido à intensificação da contratilidade do ventriculo esquerdo, atribuída às altas concentrações de catecolaminas e outros fatores inotrópicos não catecolaminérgicos. Com o advento da anemia, a frequência cardíaca é aumentada por hipóxia que estimula quimio-receptores causando atividade simpática aumentada. A longo prazo, estas atividades hemodinâmicas levam à gradual desenvolvimento de alargamento ventricular e hipertrofia ventricular excêntrica. Este aumento é caracterizado por aumento das dimensões internas do ventrículo e uma relação normal com o espessamento da parede do ventrículo, como ocorre em outras condições em que há sobrecarga volumétrica. Em condições outras, "saudáveis", o desenvolvimento de hipertrofia relacionada à anemia por de evocar o surgimento de lesões reversíveis, com tipo de hipertrofia primariamente fisiológica. Outrossim, em condições de severa anemia (concentração de Hb menor que 4-5 g/dl), pode ocorrer insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Isto, caso o coração seja isento de desordens cardiovasculares. No entanto, se presente doenças cardíacas, especialmente doença arterial coronária, a anemia intensifica a angina e contribui intensamente para complicações cardiovasculares. A hipertrofia ventricular esquerda, em caso da presença de doença renal (em estágio final) provoca influência de outros fatores que resulta intenso remodelamento e fibrose intersticial, promovendo alterações diatólicas, de reduzidas chances de reversibilidade. 

O oxigênio distribuído para os órgãos e tecidos é proporcional a três fatores: 1)- fator hemodinâmico, ou seja, débito cardíaco; 2)- capacidade de carreamento de oxigênio pelo sangue, ou seja, concentração de Hb; 3)- extração de oxigênio, ou seja, a diferença na saturação de O2 entre o sangue arterial e venoso. A diminuição da concentração de Hb é modulada por mecanismos hemodinâmicos e não hemodinâmicos. Pelos mecanismos não hemodinâmicos, inclui-se a produção de eritropoietina, para, assim, estimular a eritropoiese e aumentar a capacidade de extração de O2. A diminuição na afinidade entre oxigênio e hemoglobina se deve, principalmente, pelo aumento dos níveis de 2,3 DPG. Este pode sofrer alteração em seus níveis, caso a temperatura aumente ou o pH diminua. Em muitos pacientes com anemia crônica, a concentração de 2,3-DPG aumenta e a curva de dissociação da Hb pode ser deslocada para a direita, liberando O2 dos eritrócitos para os tecidos (figura 1). 


Figura 1. Esquema do ajuste hemodinâmico em condição de anemia.


O aumento da produção de eritropoietina pela hipóxia desencadeia alguns mecanismos por via de transdução de sinal, que envolvem atividades de fosforilação. A adenosina tem sido postulada como o primeiro regulador da produção de eritropoietina, atuando primeiramente sobre as kinases A e C e PLA2

Em condições em que assa patologias associadas - hipertensão, diabetes, uremia - a estrutura cardíaca é menos reversive e podem ser responsábe spor condições patológicas - uma fase mal adaptativa que pode levar à fibrose, deposição de cálcio, rigidez ventricular, instabilidades hemodinâmicas e, até arritmias (figura 2).




 Figura 2. Remodelamento adaptativo e mal adaptativo na presença de anemia.



Referências 

Raine et al. Report on management of renal failure in Europe, XXII, 1991. NephrolDial Transplant 1992; 7 [Suppl 2 ]: 7–35 

London GM et al. Uremic cardiomyopathy: An inadequate left ventricular hypertrophy. Kidney Int 1987; 31: 973–980 

Silberberg JS, Barre PE, Prichard SS, Sniderman AD. Impact of left ventricular hypertrophy on survival in end-stage renal disease. Kidney Int 1989; 32: 286–290

Metivier, F et al. Pathophysiology of anaemia: focus on the heart and blood vessels. NephrolDial Transplant 2000; 15 [Suppl 3 ]: 14–18

Ficher, JW. Erythtopoietin: physiology and pharmacology update. Exp Biol Med 2003; 228:1-14 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Abordagem da dengue. Fisiopatologia da doença e terapêutica alternativa e complementar

A doença

A dengue tem se mostrado mais 'virulenta' com o passar dos anos e a cada período que propicia a manifestação desta doença, mais pessoas têm atingido o óbito. Trata-se de uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus de RNA, da família Flaviviridae. São 4 os sorotipos da dengue, tendo uma transmissão inter humana mediado por vetores do gênero Aedes, sendo a espécie Aedes aegypti seu principal vetor. Esta doença é caracterizada por epidemias sazonais, com o favorecimento de sua manifestação, condições ambientais de procriação do mosquito. A viremia da dengue persiste por 4 a 7 dias com replicação viral ocorrendo em macrófagos e linfócitos B e T. Os sintomas clássicos da dengue são explicados pela ação de citocinas pró-inflamatórias liberadas em resposta à infecção aguda. Miosite aguda pode causar a mialgia, com infiltrado mononuclear, degeneração gordurosa e algumas vezes, alterações mitocondriais e elevação enzimática. A depressão medular pode ser a causa de uma possível deficiência nas séries eritrocítica, megacariocítica e mielocítica e citopenias periféricas. hepatite  leve e moderada ocorre em grande parte dos casos. Também ocorre vasculite periférica decorrente de ação viral. A forma hemorrágica da doença é a mais grave e é decorrente de uma vasculite generalizada mediada por mecanismos autoimunes dependentes da infecção por um segundo sorotipo em indivíduo que já tenha apresentado a doença no passado. 

Fisiopatologia da dengue

O mecanismo de desenvolvimento da dengue é conhecido como "mecanismo de amplificação imune". Significa dizer que na primeira infecção pelo vírus, ocorre a infecção de macrófagos com subsequente apresentação dos antígenos virais aos linfócitos T para o estabelecimento de resposta imunológica. Na reinfeção, os macrófagos são ativados pela liberação de citocinas IL-2 e γ-IFN e pelo aumento de receptores celulares para a fração Fc e antígenos virais, facilitando o incremento da fagocitose de partículas virais circulantes. Há nestes mecanismos a facilitação da opsonização. A superinfecção de macrófagos ativados incorre na exacerbação da produção de citocinas, entre as quais IL-6 e IL-8, γ-IFN. TNF-α. que fazem a mediação da vasculite sistêmica e o dano tecidual verificado nesta forma da doença. O sistema complemento é ativado e mecanismos de resposta inflamatória humoral, como a histamina, bradicinina, PAF (fator de ativação plaquetária) são desencadeados pelo dano endotelial. Assim, há um dano difuso de endotélio, com extravasamento de plasma, cheque hemorrágico tecidual, ou choque da dengue.
Na forma hemorrágica da dengue, há o aparecimento de fenômenos henorrágicos e exudação tecidual com cheque hipovolêmico que são as manifestações principais desta forma, a mais grave e letal, da doença. 

Tratamento

O tratamento da dengue é à base de anti-inflamatórios não hormonais e que não tenham interferência na função de hemostasia. Porém, já há no mercado, medicamento de ordem homeopática com estudo clínico mostrando resultados interessantes. Uma breve descrição sobre alguns parâmetros resumidos sobre este medicamento, foi elaborado, mostrando que não há ação interferente na função hepática e hematológica, sendo, portanto, recomendável seu uso. E, exatamente por esta razão, está sendo aqui, mencionada uma forma terapêutica, excepcionalmente, dada a gravidade da doença, e dada a facilidade de aquisição do medicamento, que por ser homeopático, é livre de prescrição médica, sem qualquer risco à saúde. Por isto, peço que clique  nas CONSIDERAÇÕES HOMEOPÁTICAS DO MEDICAMENTO PRODEN À CLÍNICA LABORATORIAL para saber mais sobre o produto e homeopatia em relação à clínica laboratorial. Abaixo, uma pequena descrição de um resumo do médico, Dr. Renan Marino, pesquisador que estudou o medicamento para dengue. 

INFORMAÇÕES DO DR. RENAN MARINO, MÉDICO QUE ESTUDOU OS EFEITOS DO PRODEN SOBRE A DENGUE. 



Na epidemia da dengue



No mês de março de 2007, diante do agravamento do quadro epidemiológico da dengue em São José do Rio Preto e municípios vizinhos, a Secretaria Municipal de Saúde e Higiene (SMSH), implementou as ações propostas na Portaria MS/GM nº.971, de 03 de maio de 2006 - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) - no Sistema Único de Saúde (SUS). 
São José do Rio Preto apresenta um perfil epidemiológico constituído de milhares de indivíduos que apresentaram dengue pelos sorotipos 1 ou 2 e, uma vez que observado o surgimento de casos de grande intensidade sintomática relacionados com sorotipo 3 ora circulante, concluiu-se, a partir da aplicação do protocolo de determinação da observação dos quadros clínicos predominantes, pelo diagnóstico de uma situação de risco epidemiológico fragmentário composto pela associação dos ativos homeopáticos Eupatorium perfoliatum, Phosphorus e Crotalus horridus, como sendo a equação de maior analogia representativa na presente ocorrência dos quadros de dengue clássica e hemorrágica. 
Para tanto, foi introduzido o uso do medicamento homeopático, consistindo nessa associação sinérgica de Eupatorium perfoliatum + Phosphorus + Crotalus horridus, administrado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), buscando atenuar a intensidade dos sintomas da dengue e evitar as complicações hemorrágicas. 
O ativo Eupatorium perfoliatum representa o quadro típico de dengue clássica, enquanto o ativo Phosphorus exerce, através de sua ação hepatotrópica, manutenção da integridade funcional do órgão e da produção dos fatores de coagulação, e finalmente, o ativo Crotalus horridus que corresponde à síntese mais semelhante ao quadro hemorrágico da dengue. 
Em março de 2007, foram administradas doses do Medicamento Homeopático à população que, prontamente aderiu ao programa da Secretaria de Saúde, com o objetivo de acrescentar mais este instrumento ao enfrentamento da epidemia de dengue, mantendo todo o conjunto de ações de Vigilância em Saúde para controle do vetor. 
Do levantamento concluído pelo pesquisador, vemos que setecentos e setenta e um (771) pacientes que tomaram o medicamento de forma preventiva foram incluídos na pesquisa; Desses, somente quinhentos (524) puderam ser localizados para acompanhamento. Do grupo
dos 524 localizados , um grupo de trezentos e oitenta e quatro (384) pacientes não apresentou dengue (73,4%). Dos 140 pacientes que apresentaram dengue, 40 pacientes tomaram também o medicamento Homeopático para tratar os sintomas (após a doença).
Das pessoas que tomaram o medicamento Homeopático como preventivo e tiveram dengue e não tomaram o medicamento após a doença, a convalescença durou até uma semana em 39%, até 2 semanas em 42% e mais de 2 semanas em 19%, de modo que a convalescência durou até 2 semanas em 81%. Por outro lado, entre as que adoeceram e tomaram o medicamento Homeopático preventivo e também após a doença, a distribuição, respectivamente, foi de 40% até uma semana, 52% até duas semanas e 8% em mais de duas semanas, de maneira que a convalescença foi de 92% em até duas semanas. 
Durante o mês de março de 2007, o medicamento homeopático (Eupatorium perfoliatum, Phosphorus e Crotalus horridus) foi administrado à população de São José do Rio Preto, SP, segundo Diretrizes e Protocolos da própria Secretaria Municipal de Saúde e Higiene da cidade. Os resultados estatísticos mostraram a excelência do método aplicado, legitimando que o uso deste medicamento homeopático em saúde coletiva, tanto na prevenção como no tratamento dos sintomas , na epidemia de dengue, se apresenta como um recurso inestimável e oportuno diante dos desafios que a saúde pública tem se defrontado no Brasil e no mundo. O fácil acesso ao medicamento, a simplicidade posológica, a facilidade da administração em larga escala, a observação de inexistência de efeitos colaterais bem como reações adversas além do conjunto de ações de Vigilância em Saúde para controle do vetor contribuíram decisivamente para justificar os resultados obtidos (MARINO, 2008). 
O medicamento PRODEN® foi devidamente registrado na ANVISA como um medicamento homeopático, sob nº 1.0266.0168.001-3, publicado no DOU (Diário Oficial da União) em 12 de dezembro de 2008 com a indicação de auxiliar no tratamento dos sintomas da dengue.


É um preventivo? Se eu tomar o medicamento eu não “pego” dengue?


Os estudos e o tratamento realizado durante a epidemia de dengue em São José do Rio Preto, em 2007, demonstraram que a população foi alertada para a epidemia e devidamente instruída no combate aos focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti e que além de toda essa prevenção e combate por parte do governo municipal, 73% da população que utilizou o medicamento homeopático, não foi infectada pelo vírus da dengue.


O que devo fazer para não “pegar” dengue?


Devemos de todas as maneiras combater o mosquito transmissor, seja educando e alertando a população a destruir possíveis criadouros, seja utilizando equipamentos inseticidas nas residências que “espantem” ou matem os mosquitos, ou ainda, utilizando repelentes na pele. Até agora, estas são as únicas maneiras de evitar a dengue. O medicamento PRODEN® , segundo as pesquisas realizadas (MARINO 2008), foi eficaz em 73% dos casos, mas não é uma vacina!


Para que serve, então, este medicamento?


Sabemos da grande dificuldade em combater o mosquito da dengue e a Homeopatia sempre foi conhecida, desde os seus primórdios, por sua excelência no tratamento das pessoas em epidemias e pandemias.


O Laboratório Almeida Prado, buscou oferecer à população brasileira, um medicamento homeopático, seguro e eficaz, no combate à dengue, pois os sintomas levam as pessoas à dor e ao sofrimento, não havendo nenhum medicamento que consiga debelar todos os sintomas. O paciente fica durante semanas ou meses sentindo os sintomas maléficos deste vírus no organismo. A Homeopatia é uma ciência médica que visa o bem estar do paciente de uma forma simples, rápida, direta e segura. Este é o objetivo e a indicação do PRODEN®.


Um paciente, durante a epidemia, que habita numa área que está comprovadamente tendo contaminação pelo mosquito da dengue deve tomar este medicamento, pois reduz o índice de contaminação em 73% dos casos, além de diminuir o tempo de recuperação do paciente, bem como a gravidade da sintomatologia, como demonstraram os textos da literatura, os estudos de campo e a utilização do medicamento em epidemias em diversas regiões (MARINO 2008).

MARINO R. - International Journal of High Dilution Research, v.7, issue 25, p.179-185, December 2008

Referências
Burattini, MN. Doenças causadas por vírus - febres hemorrágicas virais: dengue, febre amarela e febres hemorrágicas da América do Sul. In: Do Prado, Ramos J, do Valle - Atualização terapêutica 2003.  
MARINO R. - International Journal of High Dilution Research, v.7, issue 25, p.179-185, December 2008.
Blog do Dr. Dermeval Reis Junior - Núcleo de Pesquisas Biomédicas