Introdução
Os alimentos têm sido foco de preocupações nos últimos anos, principalmente quanto aos transtornos gástricos e intestinais que estes provocam. O que está "na moda" atualmente, é o que chamamos de Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Trata-se de desconfortos que ocorrem no abdômen e intestinos e que tem, seriamente, comprometido a qualidade de vida dos indivíduos, inclusive sob aspecto social.
Clínica/Epidemiologia
Representada por dores abdominais itinerantes, sem lesões orgânicas, com alteração do comportamento intestinal, a SII pode ser conceituada como um grupo de alterações funcionais acompanhadas de desconforto ou dor abdominal, associadas a alterações na evacuação e no aspecto das fezes.
Fazem parte dos sintomas e queixas dos pacientes, dor itinerante no abdome, borborigmos e distensão abdominal, com ou sem flatulência e com alteração na composição das fezes, com ou sem diarréia, e com ou sem constipação.
A SII tem prevalência da ordem de 10 a 20%, e está presente entre 20 a 50% dos pacientes, como maior frequência em mulheres.
Em dois Congressos Mundiais de Gastroenterologia (1989 e 1998), ficaram estabelecidos dois critérios para classificação da SII, quanto às ocorrências de diarréias. Assim, a SII permaneceu reconhecida nas modalidade de diarréia predominante e constipação predominante.
Etiopatogenia e Fisiopatologia
Por se tratar de uma síndrome, diversas etiologias estão em jogo. Ocorre alteração motora no intestino delgado e nos cólons, com espasticidades, distensões gasosas, diarreia ou constipação consequentes à essa dismotilidade. Na maioria dos casos, alteram-se diarréias e constipações. A mucosa irritada produz mais muco, que pode ser eliminado e visto nas fezes. A etiologia é diversa, o que é importante ser compreendido pelo clínico. Não se pode, portanto, considerar todas elas como dependentes de uma única etiologia, de modo a generalizar uma única causa.
Estão entre as etiologias da SII:
- erro alimentar;
- hipolactasia;
- deficiências imunológicas;
- sensibilidade visceral aumentada, secundária ou não a quadros depressivos.
Doenças orgânicas (tumores, câncer, infecções, parasitoses) podem, em determinadas fases de suas ocorrências, aparentar SII. Portanto, ao ser constatada a inexistência destas doenças, confere-se, então à SII, a característica de doença funcional.
Diagnóstico
Após o diagnóstico clínico, que poderá ter cunho genérico, é preciso que se objetive alcançar o diagnóstico individual. Não se deve optar pela causa "nervosa" como àquela causadora de tudo. A exclusão da causa orgânica é fundamental, seja por exames laboratoriais ou de imagem. Deve-se, inexoravelmente, fazer exame de fezes (parasitológico e cultura); também, atenta-se para identificar intolerância à lactose, além de exclusão de doença celíaca por pesquisa da presença de anticorpo antiendomísio ou antigliadina, no sangue e quantificações de imunoglobulinas séricas (IgA, IgG, IgM).
Não excludente do procedimento diagnóstico, os hábitos alimentares com mais minúcias, cotidianamente devem ser levantados, para, assim, se chegar mais próximo possível do diagnóstico da SII, e, também de seu tratamento.
Hoje há, disponível no mercado, alguns testes imunológicos e genéticos. Porém, versões mais rápidas de testes, que identificam apenas a intolerância alimentar têm sido alvo de algumas clínicas de nutrição e isto é importante, pois implica diretamente na modificação da dieta, reduzindo significativamente os sintomas que podem estar, possivelmente, causando SII.
Referências
LAUDANNA AA; SILVA CFB - Síndrome do cólon irritável, in: Lopes AC - Diagnóstico e tratamento vol. 3 - pg.52-55, 2007.