terça-feira, 2 de março de 2010

IMUNOLOGIA - OS MECANISMOS DA RESPOSTA IMUNE - HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I

Como definição, hipersensibilidade é o termo aplicado a uma resposta imune inapropriada e/ou exacerbada e em algumas situações, a hipersensibilidade é popularmente denominada "alergia". Gel e Coombs propuseram uma classificação para a hipersensibilidade em quatro tipos que permanecem como atual, segundo os mecanismos que levam ao desencadeamento destes eventos.: Tipos I, II, III e IV.  HIPERSENSIBILIDADE TIPO I ou IMEDIATA -  é induzida principalmente por determinados antígenos ou o que também chamamos de alérgenos e induzem à resposta imune inapropriada. Uma imunoglobulina chamada IgE é a grande responsável por desempenhar o papel de "trigger" na resposta imune. Os basófilos e mastócitos principalmente, possuem em sua superfície, receptores de alta afinidade para a porção Fc das IgE. Estas células são sintetizadoras de substâncias de ação farmacológica que se ligam em receptores específicos nas células tissulares adjacentes ao local onde ocorre o estímulo inicial. Esta substância, geralmente é a histamina e fica armazenada em grânulos citoplasmáticos nos basófilos e mastócitos. Ao se ligarem, o receptor destas células com a porção Fc da IgE, há ativação destas células, o que as levam a secretarem os grânulos contendo histamina no local, causando uma reação que chamamos de resposta imune ou a reação alérgica propriamente dita. As reações teciduais pela histamina são: vasodilatação local, contração de músculo liso sistêmica ou localizada e isto depende da concentração da histamina liberada. Além da histamina, outras proteases se incluem como mediadores em respostas de hipersensibilidade tipo I, como triptase, quimase, carboxipeptidase e catepsina G. Entre os proteoglicanos encontramos a heparina e condroitina sulfato E e fatores quimiotáteis para eosinófilos e neutrófilos. Além destes mediadores pré-formados existem aqueles originados do ácido araquidônico que intensificam os efeitos da hipersensibilidade, como os que são formados pela via das ciclooxigenases e os da via das lipooxigenases. Estes compostos são atuantes na permeabilidade vascular e como quimiotáticos para neutrófilos e eosinófilos. E por fim, um dos principais mediadores imunológicos, as citocinas, que atuam em diversas funções nas células, provocando inibição de determinadas funções em algumas células e estimulando outras em outras células, inclusive na intensificação da síntese de IgE por IL-4. Entre as doenças mediadas por IgE estão aquelas dependentes da via de acesso do antígeno - vias cutâneas, respiratórias, oculares, gastrintestinais - que determinam o desencadeamento da dermatite, alergia respiratória (asma, rinite) conjuntivite, alergia alimentar (cólica, náuseas, vômitos e diarréia), respectivamente; e as dependentes da quantidade de alérgeno - indivíduos sensibilizados podem desencadear respostas fatais, mesmo com doses mínimas do alérgeno. Entre estas doenças, estão as reações anafiláticas, um tipo de reação não atópica, que pode ocorrer local ou sistemicamente. Pode ser desencadeado por qualquer tipo de estímulo, mas, o que vai determinar a gravidade desta reação é a magnitude com que a reação vai ocorrer estando  ligada à quantidade de alérgeno e aos efeitos farmacológicos provocados pelos mediadores em órgãos e sistemas importantes do organismo, como vias respiratórias superiores e inferiores, musculatura lisa, sistema circulatório, hipotermia e bradicardia. O mecanismo fisiopatológico que acionam os eventos intracelulares para a degranulação dos mastócitos iniciam nos domínios citoplasmáticos das cadeias alfa e beta do receptor para a porção Fc eta (FceRI) ligados à proteínas kinases dependentes de tirosina (PTK). Nestes eventos, há constantes fosforilações resultando na produção de vários segundos mensageiros e a via final é a degranulação. Dentre as manifestações clínicas das reações de hipersensibilidade do tipo I encontram-se a anafilaxia sistêmica, asma, febre do feno, eczema, rinite, etc. A anafilaxia sistêmica é muito semelhante a um choque ,sendo em casos mais graves letal. pode ocorer em minutos após a resposta ou horas.