terça-feira, 31 de agosto de 2010

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DA DOR CÉRVICO LOMBOSSACRAL – UMA REFLEXÃO DO NÃO ESPECIALISTA

DOR E TIPOS



É uma sensação desagradável que promove desconforto embutido, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a estímulos que provocam dor e classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter. Segundo Sherrington, a “dor é um coadjuvante fisiológico de um reflexo protetor fundamental”.
A dor pode ser fisiológica, rápida e lenta, aguda ou crônica, profunda ou superficial, muscular, visceral, referida, inflamatória, neuropática e traumática. Para a dor ser sentida, é necessário alguns componentes, como os sensores nervosos – terminações nervosas livres encontradas em quase toda os tecidos do corpo, como as fibras Aδ mielinizadas, as fibras C não mielinizadas, as substâncias bioquímicas – vanilinas e seus receptores VRL-1 e VR1, bradicinina, derivados do ácido araquidônico (eicosanóides ou prostaglandinas), e as vias aferentes/eferentes que permitem o trânsito do estímulo e a resposta dolorosa.



CERVICOBRAQUIALGIA



É a dor cervical localizada ou irradiada para os membros superiores e sua etiologia principal está restrita às discopatias. As hérnias discais ou as hérnias duras podem promover dores que aparecem em crises, podendo ter irradiação para uma das raízes do plexo braquial. Os espaços comprometidos mais frequentemente são:C4 (C4-C5), C5 (C5-C6), C6 (C6-C7). Pode-se apresentar hipoestesia ou anestesia com abolição dos reflexos.

Características clínicas em C4, C5, C6 e C7



 Em C4 a dor pode ser percebida no pescoço, no tórax anterior e no músculo elevador da escápula. Nestas regiões há alteração sensorial;



 Em C5 a dor é sentida no pescoço, no ombro e braço anterior. Ocorrem alterações sensoriais no deltóide; alteração da força muscular deltóide, bíceps e alteração do reflexo bicipital;



 Em C6 a dor é sentida no pescoço, no ombro, nas bordas medial escapular e, lateral do antebraço. Ocorrem alterações sensoriais de 1º e 2º dedos, diminuição da força muscular do tríceps com alteração do reflexo tricipital;



 Em C7 a dor é sentida no pescoço, no ombro, bordas medial da escápula, lateral do antebraço e dorsal do antebraço. Ocorre alteração sensorial dos 2º e 3º dedos, diminuição da força muscular do tríceps e alteração do reflexo tricipital.

Figura representando em corte coronal, vista medial da região posterior da coluna vertebral C1 á C7 e seus nervos projetados para os tecidos-alvo.






Tratamento



Geralmente, para as formas mais brandas de dor, o tratamento conservador pode ser considerado primariamente e com disciplina. Pode-se acompanhar este tratamento com utilização medicamentosa de AINEs, corticosteróides, além das medicações promotoras de relaxamento do tônus muscular.



LOMBOCIATALGIAS



A forma mais frequente de dor lombar é chamada de “dor espondilogênica”. Esta dor, geralmente descrita como originada a partir da coluna vertebral e nas estruturas associadas das partes moles. Pode ter origem vascular oriundos de aneurísmas abdominais – é uma dor profunda e penetrante. Contudo, a coluna vertebral não exerce nenhuma influência no agravamento desta dor. Não obstante, a dor neurogênica primária, por ter causas raras, leva ao raciocínio clínico de compressão das raízes nervosas por degeneração aguda ou crônica dos discos intervertebrais. Frequentemente ocorrem questionamentos sobre a origem das dores lombossacras e, ao leigo, ocorre na herniação discal. Isto é errado por completo. Como dito anteriormente, a forma mais comum é a forma espondilóide. Além disto, sempre que há uma hérnia discal associada à degeneração óstiovertebral, a dor acaba por ter uma origem direta (hérnia) e uma primária indireta (a degeneração óssea do corpo vertebral que originou a hérnia).



Um fator importante associado ao aparecimento das dores lombossacras é o fado de ocorrerem, em maioria, em indivíduos com menos de 45 anos e fortemente ligada às atividades ocupacionais, sobrecarga excessiva e sedentarismo.



Tratamento



Quanto ao tratamento, é de suma importância considerar o tratamento conservativo com rigorosa disciplina e o tratamento medicamentoso antálgico por duas a três semanas.



CONSIDERAÇÕES FINAIS



É de se salientar que os recursos colocados até aqui, são os recursos não intervencionistas, que procuram agregar um tratamento paliativo e até curativo ao bem estar do paciente, mas não se pode omitir em muitos casos a necessidade da intervenção cirúrgica. Contudo, em todas as condições, e mesmo aquelas não mencionadas aqui, vale lembrar que é necessário o empenho persistente do paciente, com muita disciplina, seja no tratamento por repouso, seja no medicamentoso. Todavia, a união das duas formas são progressivamente acompanhadas de sucesso devidamente aplicadas. Isto não implica em uma cura completa do problema, até porque, degeneração óssea é um caso em que implica em continuidade do processo. Não obstante, o tratamento medicamentoso implicam em uma série de outros fatores negativos, submetendo o paciente ao desconforto gástrico, imunológico, entre outros, mas, até o momento, apesar da tecnologia diagnóstica ser de porte avançado, infelizmente, a medicina não conta com um avanço na cura de muitos distúrbios desta esfera patológica.

BIBLIOGRAFIA


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- LOPES, RD. Clínica Médica – Guias de medicina ambulatorial e hospitalar UNIFESP-Ecola Paulista de Medicina, Editora Manole – Barueri-SP, 1355-1364, 2007.
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