sexta-feira, 10 de outubro de 2014

EBOLA - ABORDAGEM CLÍNICO-PATOLÓGICA

O atual momento é delicado, uma vez que o vírus Ebola tem sido propagado, em grande magnitude com uma suspeita no Brasil. Então, falemos aqui, um pouco mais sobre o vírus e as características da doença por ele provocada. 

Introdução, virologia, transmissão
O Ebola é um vírus - "Ebolavirus" que pertence à família denominada "Filoviridae", por serem vírus de forma filamentosa. Estes filovírus encontram-se entre os patógenos mais virulentos causadores de infecções de cunho letal em humanos. A doença é conhecida como Febre Hemorrágica pro Ebola (FHE). É um vírus constituído de RNA de fita simples protegido por um capsídeo e envelopado. Há quatro subtipos de Ebola (Ebola-Ivory Coast; Ebola-Zaire; Ebola-Sudan e Ebola-Reston). Estruturalmente são partículas virais formadas por longos filamentos em vorma de U que contêm fita simples de RNA e, por causa de sua periculosidade, são classificados como patógenos de classe biológica IV (alta periculosidade). No que tange ao seu genoma, o Ebola possui as seguintes proteínas estruturais: glicoproteína do envelope (GP), nucleiproteína (NP), proteínas da matriz (VP4 e VP40) e proteínas não estruturais (VP30 e VP35). A transmissão do vírus ocorre por contato. Não foi descrito nenhum contágio pelo ar, mas sim por contado direto com sangue, secreções ou materiais infectados. A infecção domiciliar está em torno de 3 a 17% e as infecções nosocomiais com maior potencialidade para os profissionais de saúde que não aplicam corretamente os protocolos padrão, no cuidado com os indivíduos infectados. 

Quadro Clínico
O período para incubação varia de 2 a 21 dias para a FHE e, de 3 a 9 dias para a FHM (Febre Hemorrágica por Marburg - outra variante do filovírus). O início da doença é abruto e caracterizado por febre alta, cefaléia, dores musculares e articulares, dor de farganta, adinamia, seguidos de vômitos, diaréia e dor abdominal. Outras manifestações comuns, incluem fotofobia, linfadenomegalia, hiperemia conjuntival, icterícia e pancreatite. O envolvimento do sistema nervoso central pode ser manifestado através de sonolência, delírio ou coma. Com o evoluir da doença, manifestações hemorrágicas como petéquias, equimoses, hemorragias nos sítios de punção venosa e sangramentos internos ocorrem em metade dos pacientes. Perto do quinto dia da doença, muitos pacientes desenvolvem exantema maculopapular no tronco. Na segunda semana de doença ocorre uma defeverscência dos sintomas e o paciente melhora nitidamente ou evolui para óbito com falência múltipla de órgãos, acompanhada de coagulação intravascular disseminada (CID) e choque. A mortalidade para estes vírus ocorre entre 50 e 80%.

Patogênese
Embora pobremente conhecida, a fisiopatologia ocorre quando a glicoproteína do vírus é sintetizada e secretada através da membrana e liga-se preferencialmente às células endoteliais, fagócitos mononucleares, e hepatócitos. Os níveis de citocinas pró-inflamatórias, como IFN-g, IL-2, IL-10, TNF-a aumentam ao ponto de desencadear disfunção vascular e respo´sta inflamatória, responsáveis pelas manifestações hemorrágicas fatais da FHE. 

Diagnóstico
Não pode ser simplesmente baseado em dados clínicos, visto que o diagnóstico diferencial envolve outras causas de FH. Leva-se em conta os antecedentes epidemiológicos de viagens à África e contato com macacos de pessoas com FH e trombocitopenia, leucopenia e aumento de transaminases. Tudo isto deve levar à suspeita de filovirose. Deve isolar o paciente, notificar as autoridades e realizar o diagnóstico laboratorial, por meio de testes sorológicos ELISA-IgM, PCR (técnica de identificação genética - Reação em Cadeia da Polimerase - em inglês: Polimerase Chain Reaction) e/ou isolamento viral.